Ressuscitada das cinzas? Rãzinha não está extinta!

24 11 2011

Israel divulgou a foto de um sapo encontrado esta semana que pertence a uma espécie que se acreditava estar extinta há 50 anos. O sapo pintado de Hula foi visto em um parque natural do país, e agora está sendo mantido em um tanque dentro da Reserva Natural do Vale Hula, no norte de Israel, único habitat do animal.

Pouco se sabe sobre o animal. Alguns cientistas especulam tratar-se de uma espécie canibal, já que na década de 1940, um sapo foi flagrado devorando outro da mesma espécie.  Após seu desaparecimento por anos, o sapo pintado de Hula foi declarado extinto em 1996.

Fonte: Terra


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24 11 2011
Avatar de Nanci Sampaio Nanci Sampaio

Viva a pequena rã que se salvou!
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Querida Ladyce:

Domingo passado, li n’O Estado de S. Paulo uma matéria sobre a nova tradução, do russo para o português, de “Guerra e Paz” e me perguntei mentalmente de quando tempo preciso dispor para ler essas 2.500 páginas? De imediato, fui tomada pelo mal-estar da vida breve, diante de tantos livros que ainda desejo ler… Saber da existência ou imaginar que tantos bons livros me aguardam é, por outro lado, uma grande esperança (de vida!). Portanto, decidi que poderia ler, em reconhecimento ao tempo e dedicação empregados na tradução de Guerra E Paz, um livro de seu tradutor, Rubens Figueiredo – minha homenagem ao escritor premiado recentemente por Passageiro do fim do dia.

Lembrei-me, então, de seu comentário acerca do belíssimo Traduzindo Hannah que li antes de você e cheguei a sentir uma pitada de orgulho de mim mesma, pois você havia acabado de publicar uma resenha entusiasmada sobre Brooklin, quando preferi o livro de Ronaldo Wrobel [Dessa vez, saí na frente!].Traduzindo Hannah também levaria um prêmio se me coubesse julgá-lo. Brooklin continua na fila de espera. Comecei o Passageiro, mas me bateu uma urgência, quase um chamado, que me levou para Dois rios, de Tatiana Salem Levy.

Quando você postou no Peregrina um comentário sobre “o poder de manipulação de alguns autores”, paralisei. Estava, ainda, sob o impacto de “Reparação” do Ian McEwan – único romance do autor que li até hoje. Pensei “será que tudo: encantamento, desconcerto, deleite, não passou de manipulação?” E quase lhe escrevi para continuarmos essa conversa. O tempo passou. Outras leituras vieram: Nada, de Carmen Laforet; A máquina de fazer espanhóis, de Valter Hugo Mãe; As avós, de Doris Lessing (graças a você) etc. etc.

De novo a sensação de que não me resta tempo bastante para ler tudo o que desejo. Sobra-me, contudo, a certeza de escolher, mesmo intuitivamente, o livro do momento; por isso, corri para Dois rios (A chave de casa – romance de estreia da autora – me deixou essa esperança) e abandonei, talvez por pouco tempo, o livro do Rubens Figueiredo e adiei, acho que por mais tempo, a ideia de ler Guerra e Paz.

Já em ritmo de retrospectiva, coloco, dentre as leituras de 2011, Traduzindo Hannah e A solidão dos números primos (de novo, graças a você) no mesmo patamar de livros preferidos. Ainda não atingi a metade do livro da Tatiana e corro o risco de afirmar, antes da hora, que é um grande livro, pois sua dicção forte e suave, seu ritmo e tema recorrente (nossa herança, nosso passado) já me conquistaram. Quero voltar logo para Dois Rios; quero que Dois Rios dure mais do que suas duzentas e poucas páginas. A prosa de Tatiana é uma rosa: delicada e marcante, bela na forma e no aroma. Sei que as flores morrem depressa, mas não as trocamos por rosas de plástico, não é? E eu te pergunto, Ladyce, como saberemos quem, na literatura, nos chega como manipuladores, impostores ou por meio de fórmulas bem-sucedidas, mas de pouco valor? Como nos defenderemos? Não sei! Afinal, a esperança não se apega à lógica, tampouco depositamos esperança no que tem mais chance de dar certo. Tenho esperança no que vale a pena!

A primeira parte de Dois rios é narrada por Joana (apartada do gêmeo Antonio e que cuida da mãe com transtorno obsessivo-compulsivo). Aos 33 anos, Joana se apaixona à primeira vista (e pela primeira vez) por Marie-Ange. Duas mulheres que passaram a infância em ilhas (esse pedaço de terra que faz parte do mundo, mas que encerra um mundo à parte): uma no Brasil, outra na França. Encontram-se por acaso e a partir daí, o leitor passa a acompanhar seus dias; desfruta de sua intimidade… As personagens de Tatiana são tão palpáveis e cheias de vida que já tenho por Joana tanto carinho e esperança, a ponto de acreditar que tudo terminará bem. Melhor dizendo, espero que o livro termine bem, pois o começo foi bom – tenho esperança de que Tatiana consiga manter o ritmo e esse formigamento que suscita na pele de quem a lê: uma sensação que passa do prazer à dor, da dor ao prazer, numa transição delicada e ao mesmo tempo poderosa, capaz, assim, de nos render e redimir.
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É isso. Fiquei feliz pela rãzinha ou talvez por estar feliz pela leitura do dia, usei o gancho para lhe escrever mais uma vez.
Abraço, da Nanci.

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